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Em entrevista de 1977, exibida pela TV Globo, quando perguntado por Otto Lara Resende sobre sua coragem para dizer e escrever o que pensa, Nelson Rodrigues responde "peço a Deus que nunca me deixe meter a mão na cara de alguém...". Vale a pena conferir.
Nelson Rodrigues - entrevista com Otto Lara Resende - Parte 1 de 3
Nelson Rodrigues - entrevista com Otto Lara Resende - Parte 2 de 3
Nelson Rodrigues - entrevista com Otto Lara Resende - Parte 3 de 3
Em entrevista originalmente concedida ao site "Alternativo?" em 2007, Marici tece comentários sobre o teatro alternativo em São Paulo.
Marici Salomão
O que é teatro alternativo pra você?
É um teatro que não se pauta pelo comercial, não depende do mercado para sobreviver, do fato de atrair público. Ele pode estar inserido, mas não depende. Tem também liberdade temática. Ele pode acontecer em qualquer reduto não tradicional. Antes, o teatro alternativo acontecia na região do Bexiga, agora pode acontecer em qualquer lugar.
Não está inserido na grande mídia, não depende disso pra sobreviver. Mas, em alguns casos, a mídia absorveu. No caso do Satyros, pegou tão bem, que a própria grande mídia absorveu. O Satyros não depende da grande mídia, mas está nela. É um alternativo chique. Não é só underground. Alguns ainda não saem na mídia. Podem sair em mídias pequenas, como blogs, o Boca-a-boca, até o caso de vocês, da Bacante.
Você acompanha o teatro alternativo em São Paulo?
Sim, também porque sou jurada do prêmio Shell, então sou obrigada a ver tudo ou quase tudo que está em cartaz. Por ofício e interesse. Na Praça há uma grande gama de tendências e filiações. Peças de diferentes tendências e diversidade de teatros. Há os Satyros, Parlapatões, Teatro X (atual Studio 184). Diferentes tendências no mesmo espaço. Atualmente, teve o Projeto das 7 peças, que foram peças em horários nobres todos os dias da semana. O horário, aliás, é outro fator que também determina o teatro alternativo. Lá, pode-se ver uma peça às 19h, depois outra às 22h30, depois às 24h, a famosa sessão maldita, como tinha os teatros antigamente. O horário também é determinante. Uma peça começar depois das 21h é bem alternativo. O espectador desses horários diferentes também é novo.
Quais grupos você relaciona ao teatro alternativo em São Paulo?
Tem peça Jogando no Quintal – confesso: ainda não fui ver – que é encenada em campos de futebol de bairros da periferia e fora dela. Tem também o Next, o caso da Terça Insana começou alternativo, foi ganhando cada vez mais público e ganhou asas.
Você acha que deixou de ser alternativo?
Será? Eu acho que não. Acho que não perdeu a alma porque foi absorvido. Não é por isso que é menos alternativo. O próprio Satyros não deixa de ser alternativo porque aparece mais na mídia. Agora é super bem divulgado e não é por isso que deixou de ser alternativo. que perdeu a alma. Esse é só um dos fatores do teatro alternativo, os outros continuam. O espaço não convencional, liberdade temática, não depender do mercado. Não é quanto pior for, mais alternativo é. Na verdade, é quanto melhor, melhor. Os espaços da Roosevelt não são convencionais. Teatro alternativo está em espaço alternativo. A ausência do palco italiano, um espaço que dá pra você modificar, fazer teatro de arena, arquibancada, mudar os bancos de lugar… espaços moduláveis. Alternativiza o espaço. Não entra em linguagem convencional. Puta divulgação que têm, mas não está em espaço convencional, não é só pra classe dominante. Pra burguesia. Muitos estudantes de periferia vão assistir peças nos Satyros. Se as pessoas que tem mais dinheiro querem assistir as peças junto, também assistem, mas não são feitas para a burguesia. Há uma gama de diferentes espectadores, de diferentes tipos.
Aula de dramaturgia de Marici Salomão no Núcleo de Dramaturgia Sesi-British Council, datada de 2009.
Entrevista de Marici Salomão para o "Cena 3" (08/01/2013): CLIQUE AQUI Para conhecer mais do trabalho de Marici Salomão como autora, acesse o site da Coleção Aplauso da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo (clique aqui), e baixe o livro "O teatro de Marici Salomão", disponibilizado grátis para download e leitura.
Fonte: Letras em Cena - Entrevista de 2011. Franz Keppler: O Teatro, Para Mim, É Imprescindível! Ultimamente ele vive entre a criação e a produção teatral. De suas peças, claro! Franz Klepper está feliz da vida de voltar ao teatro com toda a dedicação possível. Para ele, “a recompensa é infinitamente maior do que os percalços do caminho (...)”, no fazer teatral. Inquieto e observador por natureza, este jornalista trabalhou na área cultural no início da carreira e depois se envolveu com o setor empresarial, mas jamais abandonou o sonho de viver o teatro, “pois tinha a certeza de que um dia estaria de volta, o que está acontecendo agora”. Entre a produção de sua terceira peça, ele nos conta que se descobriu autor quando leu uma crítica de Alberto Guzik, no Jornal da Tarde, cuja manchete dizia: “Um texto forte estragado pela direção”. Detalhe: o diretor era ele. “Nesse dia, concluí: meu caminho é mesmo escrever”. Conheça um pouco mais sobre este novo dramaturgo que está trilhando seu caminho, entre a alegria da criação, a ansiedade da produção e a consciência de que precisa do teatro para viver melhor. Franz, você é jornalista da área cultural, está sempre em contato com a classe teatral. Franz Keppler: Não me considero um jornalista da área cultural especificamente. Meu trabalho em jornalismo esteve ligado à cultura logo que me formei, há quase 20 anos. Na época, escrevia sobre a cena cultural paulista para um jornal de arte e cultura do Rio de Janeiro, que não existe mais. Ainda neste período, escrevi artigos para algumas revistas ao mesmo tempo em que fazia divulgação das peças da Cia. SP-Brasil, formada por atores como Leopoldo Pacheco, Sofia Papo, Cida Almeida etc. Na verdade, vivi intensamente o teatro de 1978 a 89, depois, por caminhos que a vida toma, foquei meu trabalho na comunicação empresarial até o início de 2006, mas sempre acompanhando a produção teatral, pois tinha a certeza de que um dia estaria de volta, o que está acontecendo agora. Que avaliação faz da atual produção teatral de São Paulo? Franz: Hoje temos uma produção fértil, diversificada, capaz de atingir todos os tipos de espectadores. Vamos da tragédia ao besteirol como num piscar de olhos e acredito que é assim que tem que ser, desde que seja bem feito, bem escrito, bem encenado. O que destacaria em nossa cena teatral que poderia ser a nossa identidade? Franz: Na minha opinião, todas as produções que conseguirem unir humor, poesia e a crítica social com a mesma intensidade. Como se descobriu autor? Franz: Foi um processo de descoberta que começou, creio eu, quando criança. Ainda pequeno, inventava histórias que eu e meus primos encenávamos para a família. Depois, este processo continuou na escola, na quinta série. Minha professora de português, Maria Helena Muniz, irmã do escritor Lauro César Muniz, incentivava o teatro de uma maneira apaixonante. Ela organizava concursos, festivais na escola e, um dia, recebi do próprio Lauro um prêmio de melhor ator. Tinha 11 anos e o vi como uma figura mágica. Naquele momento, pensei: “um dia, quero escrever como ele”. Claro que entre o pensamento e a concretização demandou-se um grande tempo, mas tenho certeza de que aquele dia foi decisivo para mim.
Depois, aos 14 anos, entrei para um grupo de teatro da Prefeitura. Naquela época, algumas bibliotecas municipais tinham grupos coordenados por atores como Hilton Have e Marcos Caruso. Fiquei lá por cinco anos, depois participei de montagens amadoras em outros grupos, o que me proporcionou um contato maior com a dramaturgia, pois líamos textos de vários autores e, quando me profissionalizei como ator, escrevi minha primeira peça, “Egos Com Plexos”, encenada no TBC. Recordo-me de uma crítica do Alberto Guzik no Jornal da Tarde, cuja manchete dizia: “Um texto forte estragado pela direção”. Detalhe: o diretor era eu. Nesse dia, concluí: meu caminho é mesmo escrever. Sempre desejou escrever para o teatro ou aconteceu mais em conseqüência do teu trabalho como jornalista interessado na produção cultural? Franz: Sempre desejei escrever para o teatro, independentemente do jornalismo. Isso ficou muito claro para mim em 2005. Estava afastado do teatro e a comunicação não era mais suficiente para preencher uma sensação de vazio profissional que me dominava. Foi quando comecei a escrever o “Anjo da Guarda”, e o vazio deu lugar a sentimentos que há muito não sentia. O teatro, para mim, é imprescindível. Quais são seus autores preferidos? Franz: É muito difícil responder isso. São tantos e tão bons autores de épocas distintas e das origens mais diversas. Mas ressalto Maria Adelaide Amaral, Nelson Rodrigues, Alcides Nogueira e Caio Fernando Abreu. O que você acha essencial para um dramaturgo? Franz: A curiosidade. Aquela que em uma viagem, por exemplo, faz com que você vá além dos pontos turísticos de alguma cidade, mas que te faça querer entender quem são e como vivem as pessoas daquele lugar. Sem esta curiosidade e sem a paixão pelo ser humano, acho que é impossível escrever. Mas, acima de tudo, e aí não falo só para os dramaturgos, mas para os artistas em geral, não deixar que seu ego seja maior do que a própria obra. Você tem acompanhado muitas mudanças nas produções teatrais, tais como a Lei Rouanet, Lei Mendonça, Programa Municipal de Fomento para a cidade de São Paulo e agora o PAC estadual. Qual sua opinião e avaliação sobre estas políticas? Franz: Hoje li na Folha de S. Paulo que a Oktoberfest foi autorizada a captar mais de um milhão de reais com os benefícios da Lei Rouanet. É desesperador saber disso. E pior é ter a certeza de que a festa do chope vai conseguir este dinheiro, enquanto que tantos projetos, ainda que tenham o benefício da lei, não conseguem levantar recursos. Por outro lado, temos o Programa de fomento que beneficia trabalhos de grupo, de pesquisam, que são fundamentais. E no meio de tudo isso, contamos com profissionais apaixonados, que continuam resistindo à escassez financeira. Se fosse convidado a dar uma idéia sobre lei de fomento ou de renúncia fiscal para a produção teatral, o que diria? Franz: Um pensamento utópico: empresas que tenham um faturamento acima de determinado valor anual, a partir de hoje, fossem obrigadas a investir em cultura e que a porcentagem investida, que seria abatida dos impostos, fosse dividida nos mais diversos projetos e não apenas naqueles que contam com grandes nomes da mídia. O que mais lhe agrada no “fazer teatral”? Franz: A união de idéias e pessoas que irão transformar de alguma maneira o espectador. Para mim, esse é o grande sentido do teatro. Que conselho daria a quem está começando a trilhar os caminhos da dramaturgia? Franz: Não gosto muito de dar conselhos. Prefiro citar o que eu faço: leio muito, vejo muito teatro, cinema, TV, fico atento a tudo o que acontece ao meu redor... Sou observador demais. Costumo dizer que em qualquer lugar que se vá, você há de encontrar um personagem. Para mim, também é importante participar de ciclos de leituras, ouvir outros textos, pedir opiniões sobre os meus textos, tudo isso me acrescenta. O mais difícil mesmo é controlar a ansiedade, aquela que começa quando você termina um texto e só termina quando você o vê encenado. Isso sim é difícil. Você disse que está deixando um pouco o jornalismo de fora e se dedicando mais ao teatro, como autor. Gostaria que você comentasse um pouco sobre esta experiência, o caminho para colocar um espetáculo em cena, a rotina de escrever, pensar em produção, criar as dificuldades e as recompensas também, claro. Franz: Não tenho uma rotina para isso. Mas é engraçada a maneira como acontece comigo: as idéias vão chegando devagarinho, os personagens vão aparecendo e de repente eles começam a falar comigo e aí eu sei que é hora de sentar e escrever. Para mim, esse é o momento que me dá mais prazer. A produção ainda me angustia um pouco. E produzir algo que você escreveu acho mais angustiante ainda. Se me perguntar se eu prefiro somente escrever, minha resposta certamente é sim. Mas no começo tem que correr atrás. No momento estou envolvido com a produção da minha terceira peça, “Nunca Ninguém Me Disse eu Te Amo”, que tem estréia prevista para 18 de agosto no Teatro Augusta. São tantas as coisas e ao mesmo tempo tantas as idéias que vão surgindo para outros textos que tem horas que você quer parar e só escrever. Pra mim, esta é a maior dificuldade. Mas a recompensa é infinitamente maior do que os percalços do caminho, principalmente quando a equipe vai tomando contato com seu texto, se apaixonando por ele e descobrindo tudo aquilo que você quis dizer. É essa união que me referi anteriormente que faz com que tudo valha a pena. Artigos relacionados: "Camille e Rodin" é para todos, diz dramaturgo Franz Kepler
A Ancine e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE anunciaram o resultado da Chamada Pública PRODECINE 01/2012 (Linha A) do Fundo Setorial do Audiovisual - FSA. Um total de R$ 50 milhões será investido na produção de 41 projetos de longa-metragem (35 filmes de ficção, três documentários e três animações). Foram contempladas 35 produtoras diferentes do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Conheça os projetos selecionados e o valor investido pelo FSA:
“Brega Naite”, da Aroma Filmes (R$ 400 mil)
“Cataguases”, da Bananeira (R$ 1 milhão)
“Deserto”, da Banaeira Filmes (R$ 500 mil)
“O Porão”, da Camisa 13 (R$ 800 mil)
“No Retrovisor”, da Casé Filmes (R$ 2 milhões)
“O Juízo Final”, da Conspiração (R$ 2,5 milhões)
“Boa Sorte”, da Conspiração (R$ 1 milhão)
“Restô”, da Damasco Filmes (R$ 1 milhão)
“As Boas Maneiras”, da Dezenove (R$ 1,5 milhão)
“João ou o Milagre das Mãos”, da Filmes do Equador (R$ 3 milhões)
“Pureza”, da Gaia Filmes (R$ 2 milhões)
“Tô Ryca”, da Glaz (R$ 1,75 milhão)
“O Adorador”, da Goritzia (R$ 1 milhão)
“O Homem que Matou a Minha Amada Morta”, da Grafo (R$ 450 mil)
“Vida de Palhaço”, da Gullane (R$ 3 milhões)
“4 X 100”, da Gullane (R$ 1,5 milhão)
“Cidade Maravilhosa”, da HB Filmes (R$ 2 milhões)
“Todas as Coisas Mais Simples”, da Lacuna Filmes (R$ 600 mil)
“Órfãos do Eldorado”, da Matizar (R$ 900 mil)
“Doidas e Santas”, da Melodrama (R$ 1,75 milhões)
“Linda de Morrer”, da Migdal (R$ 1 milhão)
“Ponto Zero”, da Mínima (R$ 400 mil)
“Querida Mamãe”, da Moonshot (R$ 1 milhão)
“A Pele do Cordeiro”, da O2 (R$ 1,5 milhão)
“Exodus”, da O2 (R$ 1 milhão)
“Sampa”, da Pulsar (R$ 1 milhão)
“D. Pedro II”, da Regina Filmes (R$ 2 milhões)
“Galáxias”, da República Pureza (R$ 300 mil)
“O Deserto Animado”, da Sincrocine (R$ 1,5 milhão)
“Lino”, da Start Desenhos Animados (R$ 1 milhão)
“Quatro Histórias e Meia”, da Taiga (R$ 300 mil)
“Campo Grande”, da Tambellini (R$ 1 milhão)
“A Glória e a Graça”, da Tambellini (R$ 1 milhão)
“Barata Ribeiro 716”, da Teatro Ilustre (R$ 1,4 milhão)
“Do Fundo do Lago Escuro”, da Teatro Ilustre (R$ 600 mil)
“Qualquer Gato Vira-Lata 2”, da Tietê Produções (R$ 1,5 milhão)
“O Pergaminho Vermelho”, da Tortuga/44 Toons (R$ 1,5 milhão)
“O Fantasista”, da Truq (R$ 1 milhão)“Julio Sumiu”, da TV Zero (R$ 850 mil)
“A Memória é um Músculo da Imaginação”, da Videofilmes (R$ 1 milhão)
“Terra de Grande Beleza”, da Sertaneja de Cinema (R$ 500 mil)
Bráulio Mantovani, nascido em 1963, é considerado um dos melhores roteiristas brasileiros da atualidade, tendo se tornado popular graças ao roteiro do consagrado "Cidade de Deus", dirigido por Fernando Meirelles.
Ele se formou na PUC em "Língua e Literatura Portuguesa", tendo se pós-graduado em Roteiro Cinematográfico pela Universidade de Madri. Começou sua carreira em grupos de teatro e em 1987, passou a escrever roteiros profissionalmente.
No Brasil, sua carreira despontou para o grande público com o roteiro do curta-metragem "Palace II" (2011), e em seguida "Cidade de Deus" (2002), ambos dirigidos por Fernando Meirelles. Vale lembrar que "Cidade de Deus" foi indicado a quatro Oscar em 2004, incluindo melhor roteiro. Mantovani também trabalhou em diversas produções de sucesso como "O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias", "Linha de Passe", "Chega de Saudade", "VIPs", "Tropa de Elite" e "Tropa de Elite 2".
Abaixo, trazemos para vocês uma série de entrevistas/aulas de Bráulio Mantovani, divulgados em 2012 pela "Story Touch" em seu canal no Youtube, e que abordam diversos temas essenciais para todo roteirista. Vale a pena assistir! Escolha o tema e clique nos links.
Aquela redação escrita na sala de aula ou a poesia rabiscada numa noite em claro podem ganhar visibilidade por meio de concursos literários, capazes de dar o pontapé inicial na carreira de quem quer virar escritor.
No ano passado, ao menos 312 concursos de poesias, contos, romances e crônicas foram abertos no Brasil, segundo mapeamento do escritor Rodrigo Domit, 28, criador do blog concursos-literarios.blogspot.com.
"Viabilizar uma obra para um autor iniciante é caro, por isso os concursos são a melhor opção", afirma.
O escritor João Paulo Hergesel, 20, vencedor de diversos concursos de literatura
O escritor João Paulo Hergesel, 20, não pode ouvir falar em concursos literários: seus dedos ficam inquietos e a cabeça vai a milhão.
Nascido em Sorocaba, mas criado em Alumínio, a 79 km de São Paulo, ele já participou de mais de 200 concursos. Ganhou 60 deles. Como resultado, teve textos publicados em nada menos que 25 antologias. As porcelanas e os porta-retratos que antes decoravam a sala da casa onde mora deram lugar a livros, troféus, certificados e menções honrosas. Prêmios em dinheiro foram três, totalizando R$ 3.500. Hergesel enfrentou o primeiro concurso aos oito anos, na escola. Aos 15, começou a levar a coisa a sério. "Percebi que queria mesmo escrever, então fiz o que muitos adolescentes fazem: criei uma comunidade --na época, no Orkut-- e passei a divulgar meus textos. Ver as pessoas comentando e elogiando me incentivou a ir aos concursos", conta. Resolvida a questão da coragem, o que faltava era idade para concorrer. "Era uma dificuldade. A maioria dos concursos era para maiores de 18 anos, mas eu não desanimava. Ia atrás dos que permitiam todas as idades. Não tive medo." PORTUGAL Antes mesmo de completar a maioridade, o paulista conquistou 25 prêmios, sendo dois em Portugal, na categoria poema. Mas aquele que considera o mais importante veio quando tinha 19 anos: o primeiro lugar na categoria conto infantojuvenil do Prêmio Sesc de Literatura 2012. Um dos mais importantes do país, o Prêmio Sesc teve na última edição 1.200 participantes. As inscrições para a próxima edição vão de 1º de junho a 31 de agosto, só para maiores de 18 anos. As obras vencedoras serão publicadas e comercializadas. Para escrever os textos dos concursos a inspiração do aluminense vem até de madrugada. "Quando não tem papel e caneta por perto anoto tudo no celular", conta. "E se o celular pifar?", pergunto. "Nesses casos, a memória é a única solução! Durante um voo de volta de Brasília, isso me aconteceu: não podia ligar o celular e não tinha papel e nem caneta, então simplesmente registrei no pensamento", conta. A situação lhe rendeu um trecho para um poema: "escrevo no pensamento e quem quiser que me leia pelos olhos". Quem também viu a carreira deslanchar depois de concursos foi Luisa Geisler, 21. Nascida em Canoas (RS), ela ganhou o Prêmio Sesc em 2010 na categoria conto, com o livro "Contos de Mentira", e, em 2012, venceu com o romance "Quiçá". Luisa foi uma dos 20 nomes escolhidos pela celebrada revista literária inglesa "Granta" para a edição "Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros", publicada em 2012. "Quando você é muito novo, rola preconceito. Os concursos são uma forma de ganhar reconhecimento." Ela dá um conselho a quem quer entrar nesse meio. "Perdi vários concursos e isso me desmotivava, mas aprendi que não se pode levá-los tão a sério. É coisa de momento, do jurado que leu seu texto. Perder não é sinal de que a obra é ruim. Uma hora você ganha."