12 janeiro 2013

Yasmina Reza: "Não há nenhum sentido em escrever teatro, se não for acessível“


Fonte: jornal "The Guardian/The Observer" - http://www.guardian.co.uk/stage/2012/jan/22/yasmina-reza-interview-carnage-polanski. Entrevista feita por Elizabeth Day, em janeiro de 2012. Traduzida do original em inglês especialmente para este blog.

A peça “Deus da Carnificina” (2008), escrita por Yasmina Reza, foi um sucesso mundial. Aqui ela fala sobre como foi trabalhar com o diretor Roman Polanski na adaptação para o cinema e o ano que passou com Nicolas Sarkozy.


Yasmina Reza: "Eu trabalho como um pintor. Se um pintor faz um retrato de alguém, ele não está interessado em sua infância. Ele pinta o que vê." Fotografia: Victor Pascal / ArtComArt

No final de 2005, a dramaturga Yasmina Reza foi abordada por um diretor de teatro alemão que queria encomendar um novo trabalho seu. "Eu disse, 'Não, eu estou cansada, muita coisa está acontecendo, eu não quero fazer isso'", diz Reza, sentada no canto de um bar escuro em sua Paris natal. Ela faz um gesto com as mãos, como se revivendo a recusa. Mas então, algo aconteceu que a fez mudar de idéia.

"Houve um pequeno incidente na vida do meu filho", diz ela, enchendo novamente sua xícara de chá com um bule em estilo oriental, enquanto fala. "Ele estava, então, com cerca de 13 ou 14 anos e seu amigo se meteu numa briga com um outro amigo, eles trocaram golpes e amigo do meu filho teve o dente quebrado. Alguns dias mais tarde, me encontrei com a mãe desse menino na rua, eu perguntei a ela como seu filho estava, se ele havia melhorado, porque eu sabia que teriam de fazer alguma coisa com seus dentes – eles tiveram que operar ou algo do gênero. E ela me disse, "Você acredita que os pais [do outro menino envolvido] sequer me telefonaram? "

Reza olha fixamente para mim, olhos castanhos sem piscar, como se a sublinhar a gravidade da situação. Mas, então, sua boca se contorce no canto e se transforma em um sorriso largo.

"Foi de repente, clique! Pensei, 'Isso é um tema incrível." Ela quase salta em sua cadeira com a lembrança, com o cabelo balançando como se espelhando o seu entusiasmo. "Então eu perguntei aos alemães se ainda era possível fazer uma peça e eles disseram:" É possível, mas você tem que fazer isso até abril."

Reza escreveu então a coisa toda em três meses. "Nenhum método", diz ela alegremente. "Eu só escrevi."

O trabalho resultante foi “Le Dieu du carnage (God of Carnage/Deus da Carnificina)”, uma das peças mais populares e aclamadas dos últimos 10 anos, que tem sido objeto de várias produções teatrais e foi transformado em um filme dirigido por Roman Polanski, estrelado por Kate Winslet , Christoph Waltz, John C Reilly e Jodie Foster como integrantes de dois casais de classe média, belicosos, que se reúnem para discutir a luta de seus filhos no playground.

Reza brinca com o curso desse encontro, inicialmente civilizado, mas que logo degenera em uma noite de antipatia mútua e xingamentos. Ao final do encontro, o diálogo ácido queimou todo o verniz de respeitabilidade, burguesia presunçosa, com conseqüências alternadamente cômicas de desconfortáveis.

Em Londres, onde a peça teve sua estréia em 2008 (após ser traduzida para o inglês por um colaborador de Reza, de longa data, Christopher Hampton), foi um sucesso comercial e de crítica. No Guardian, Michael Billington saúda Reza como "uma humorista nata", outros proclamaram-se "encantados com sua observação incisiva" e "humor sagaz". Ele ganhou um Olivier de melhor peça inédita e quando Deus da Carnificina foi montado na Broadway em 2009, ganhou um Tony e se tornou a terceira mais longa montagem da década.

O filme de Polanski, chamado simplesmente de 'Carnage', é extremamente fiel ao original. Apesar do cenário ter sido transferido de Paris para o Brooklyn, bairro de Nova Iorque, muito do diálogo permanece e a maior parte da ação se passa dentro de quatro paredes do apartamento, claustrofóbico.

"Eu percebi imediatamente tudo ser transponível de Paris para o Brooklyn", diz Reza, que adaptou o roteiro com Polanski. "Nós escrevemos em francês primeiro, mas ele queria fazer isso com atores ingleses, porque ficaria mais à vontade. Assim, ele traduziu."

É a primeira vez que Reza, de 52 anos, deu permissão para uma de suas peças ser adaptada para o cinema. “Art”, outra de suas peças de sucesso, escrita em 1994 e para a qual ela é ainda mais conhecida, já foi traduzida para mais de 30 idiomas, arrecadou quase US$200 milhões e venceu a tríplice coroa do mundo do teatro: o prêmio Molière francês, o prêmio Olivier britânico e, em numa inédita premiação, foi a primeira peça escrita em língua não-inglesa a ganhar o norte-americano Tony.

Mais quatro peças de sucesso a seguiram, incluindo “Life x 3”. O público lotou os teatros em ambos os lados do Canal da Mancha. Na França, um país em que o sucesso comercial nas artes é freqüentemente comparado com o fracasso criativo, mesmo assim Reza se tornou uma estrela. O jornal “Libération” certa vez comparou o circo armado pela mídia em torno da produção de uma de suas peças com o lançamento do último Harry Potter.

Ela diz que foi "inundada" por pedidos de cineastas que querem adaptar o seu trabalho, tudo o que ela tinha se recusado até agora. Então, por que dizer sim, desta vez?

Reza com John C Reilly, à esquerda, Roman Polanski e Kate Winslet na première de Carnage em Paris, novembro de 2011. Fotógrafo: Francois G Durand/WireImage

"Polanski", ela responde sem hesitar. "Eu o adoro." Não é a primeira vez que os dois uniram forças - Reza traduziu, no final dos anos 80, a pedido de Polanski, sua peça sobre a Metamorfose de Kafka - mas eu me pergunto se ela tinha qualquer escrúpulo em trabalhar com ele novamente. "Escrúpulos?", ela pergunta, aparentemente chocada. Sim, ela se sentiu desconfortável com o fato de que Polanski é procurado nos Estados em seis acusações criminais, incluindo o estupro de uma menina de 13 anos de idade (em razão do qual, Carnage teve de ser filmado em Paris)? "Não, eu não tinha escrúpulos", responde Reza. "Escrever com ele sempre correu muito bem... somos idênticos Nós não discutimos o significado. Discutimos o instinto”.

É uma resposta estranhamente amoral da mulher que uma vez teria dito: ". Teatro é um espelho, um reflexo nítido da sociedade. Os grandes dramaturgos são moralistas ". E é verdade que, em suas peças, a pretensão hipócrita, o descuido emocional, são escrutinados com precisão devastadora. Em “Deus da Carnificina”, o personagem que fornece grande parte da forragem cômica é Alain, o advogado cínico que passa muito do seu tempo ao telefone defendendo os efeitos colaterais desastrosos de um medicamento comercializado por uma empresa farmacêutica desonesta.

Na “Life x 3” (escrita em 2000), Reza apresentou três versões de um mesmo jantar, mais uma vez a desnudar a falsidade do verniz social e a selvageria que se encontra abaixo de sua superfície. É possível que sua vida pregressa - Reza foi criada na França por seu pai, engenheiro russo-iraniana, que morreu há vários anos, e mãe violinista húngaro – lhe dê uma perspectiva única. Embora Reza diga que "se sente francesa" e seja íntima das sutilezas sócio-culturais de seu país, sua perspectiva é a de um observador agudo e ironicamente interessado.

Será que ela ainda se considera uma moralista? Ela sorri. "Há todas essas teses universitárias que dizem que eu sou uma moralista. Eu não sei se sou ou não. Talvez ..." Ela deixa o pensamento flutuando no ar, enquanto toma mais um gole do seu chá.

Na verdade, ela evita com firmeza o rótulo de que se propõe a escrever peças com "grandes idéias". "Você sabe, os críticos em geral sempre tem uma tendência a dar uma dimensão sociológica para o meu trabalho. Para mim, estou muito feliz que eles digam isso, mas não é isso que me anima. O que mais me motiva é escrever sobre pessoas que parecem estar bem, mas por baixo de seu verniz, elas estão quebradas. Seus nervos estão partidos. Como quando você se mantém bem, até que simplesmente não pode mais, até que seu instinto assume. É fisiológico.”

É por este motivo, diz ela, que nunca procura explicar ou desconstruir fundo seus personagens para o público. "Eu não estou interessada em como eles eram quando crianças, na psicanálise, porque a escrita é totalmente instintiva. Eu trabalho como um pintor. Se um pintor faz um retrato de alguém, ele não está interessado em sua infância... Ele pinta o que ele vê. Não há explicação, porque isso não tem relevância alguma".

A maioria de sua obra, ela explica, não começa com o desejo de enfrentar um tema social abrangente, mas com uma única faísca - como o incidente com o amigo de seu filho - que ilumina algo maior. Isso levou a críticas de que suas peças são banais e ficam no meio da estrada; que elas são dependentes da interpretação de grandes atores para o seu sucesso. Mas também trouxe uma imensa popularidade; há, entre um punhado de críticos, a crença um tanto esnobe que suas peças são para aquelas pessoas que normalmente não vão ao teatro.

Em parte, Reza atribui sua opção contra o ‘nonsense’ por ter trabalhado anos como atriz. Ela estudou na renomada escola de Jacques Lecoq em Paris, antes de se tornar profissional por vários anos. Ela escreveu sua primeira peça, “Conversas Depois de um enterro”, em 1987, beirando os trinta anos, porque eu estava sempre a escrever. “Eu sabia que era boa no que fazia” e, desde então, escreveu sete peças, cinco romances e uma obra de não-ficção.

Sua experiência no palco, ela diz, "influenciou o meu trabalho enormemente". Seu tradutor americano, David Ives, disse no passado: "Metade da razão porque suas peças são encenadas é porque os atores querem fazê-las ... Há material conturbado para boas performances".

Ela facilita, conscientemente, as coisas para toda a equipe também. Suas peças tem tudo pronto dentro de um único conjunto, não contêm mais de quatro pessoas e nunca incluem sugestões para a aparência de um personagem ou sua biografia pregressa. "Porque mesmo que você diga para um ator: este personagem foi espancado como uma criança ", o que eles podem fazer além de dizer, 'OK' e depois é só ir em frente?" Reza diz. "Isso não lhes serve de nada. A escrita é muito mais orgânica do que isso. Ela não é de todo intelectual".

Nesse momento, ela fala em um rápido fluxo de francês e seu cabelo se movimenta - como um barômetro indicando seu humor interno – fazendo com que ela tenha de afastá-lo de seu rosto. Ela para, em seguida, para rir de si própria com intensidade "Bem, para mim, pelo menos."

Acho o riso dela curioso, porque de acordo com quase todas as entrevistas com Reza que já li, ela foi considerada distante e pretensiosa, uma mulher que se ofende com facilidade e defensiva em suas respostas. "O riso", disse ela em uma entrevista em 2001, “é muito perigoso”.

Mais curioso, é olhar para essa mulher pequena sentada em frente a mim, só sorrisos, leveza e gestos entusiasmados. Ela parece ser o oposto da pretensão teatral. Quando eu descrevo suas peças como acessíveis, ela pega carona na ideia e concorda. "Sim, definitivamente. Adoro esta definição. Estou bem com isso. Idéias complexas, mas acessível. Não há sentido em escrever teatro, se não for para ser acessível, porque ninguém vai vê-lo. Os maiores dramaturgos, como Shakespeare ou Molière - a quem, aliás, eu não estou me comparando - também foram acessíveis".

A citação sobre o riso ser perigoso foi, ela diz, colocada fora de contexto. E parece evidente que qualquer um que faz um personagem vomitar no palco sobre um catálogo Kokoschka inestimável no meio de uma discussão, supostamente civilizado entre adultos (como Annette faz em “Deus da Carnificina”) deve ter senso de humor.

"Em ‘Art’ (Arte, peça de sua autoria) há uma frase de um dos personagens que diz “cultura? Eu vomito nela” e em ‘Deus da Carnificina’ eu resolvi colocá-la literalmente. Ela votima em uma pilha de livros de arte”. Reza sorri, aparentando apreciar intensamente a idéia.

Yasmina Reza em1996, com seu prêmio britânico Evening Standard em melhor comédia pela peça "Art". Fotógrafo: Alan Davidson/The Picture Library

Em nenhum momento ela se porta como a grande dama que tem sido ovacionada. Ela só me permite pagar a conta das bebidas depois de verificar que eu serei reembolsado. Quando eu comento sobre seu relógio, ela o tira para mostrá-lo par Amim. Conversa com naturalidade sobre seus dois filhos com o diretor de cinema Didier Martiny – sua filha de 23 anos de idade, Alta, que é advogada criminal, e seu filho, Nathan, 19 anos, que quer ser cantor. Ela não poderia ser mais encantadora.

Talvez a idade tenha lhe feito amadurecer. Talvez seja porque estamos fazendo a entrevista em francês, língua na qual ela se sente mais a vontade para se expressar. Talvez ela tenha tido um bom dia. Seja qual for a razão, não há nenhum sinal da megera irônica que eu esperava. Como, eu me pergunto, Reza ganhou essa fama?

"Eu sei!" , ela diz, com os olhos arregalados de horror. "Estou fico tão intimidada com a língua inglesa... Houve um artigo que dizia algo como ‘eu a odiava antes, eu a odeio ainda mais agora que a conheci." Tenho sido alvo de ataques pessoais muito desagradáveis, e não entendo o porquê”.

Como uma mulher atuante num mundo dominado pelos homens de teatro, Reza nunca encontrou sexismo óbvio, mas "nas primeiras entrevistas que fiz, eu era jovem. Não sabia de nada e eu tinha o costume de tirar todo o meu batom e repassá-lo. Isso foi visto como muito feminino... talvez eles não me tenham levado a sério".

Essa fama, supõe-se, deve decorrer da idéia de que os dramaturgos são todos artistas falidos, que vivem em sótãos românticos, gratos por qualquer migalha de atenção que recebam. "Talvez, mas eu nunca joguei esse jogo. Não me considero uma celebridade ou uma intelectual. Sou uma escritora e isso é outra coisa... Não quero ter uma opinião sobre assuntos atuais, sobre política e, de certa forma, isso é ruim para mim, porque se você tomar a posição de um intelectual, isso te dá autoridade. Mas - infelizmente – eu não quero fazer isso. Tenho a pretensão de que minha escrita deve ser suficiente para ter sua própria autoridade”.

Ela diz que não se sente confortável em se tornar "um porta-voz" das idéias de seus personagens. "Exige-se que os escritores tenham uma visão do mundo, tomem posições. Mas eu não gostaria de fazer isso, porque quero ser capaz de escrever personagens com visões diferentes de vida e que eles sejam convincentes”.

Sua postura declaradamente apolítico torna ainda mais bizarro o fato de que, em 2006, Reza escolheu ficar à sombra do então candidato presidencial francês, Nicolas Sarkozy, no ano que antecedeu sua eleição, em maio de 2007. O livro que ela escreveu sobre esta experiência - L'aube, le soir ou la nuit (Amanhecer, Crepúsculo ou Noite) - descreveu Sarkozy como um baixinho egoísta impulsionado por "uma busca infantil para a aprovação". Em um capítulo, Reza descreve o futuro presidente pegando uma cópia do Le Figaro "visivelmente agarrado" por um item na primeira página. Não foi a notícia sobre o Irã ou a eleição francesa que tinha capturado a atenção dele, mas um anúncio de um relógio de luxo. "Isso é um Rolex agradável", disse Sarkozy.

O que Reza fez do seu tempo no gabinete? "Nada de especial", ela responde, com opacidade quase deliberada. "O livro não foi de todo político. Foi uma observação de um homem, um movimento ... Eu posso ter uma opinião sobre a maneira como ele governa o país, mas não será mais interessante do que a de qualquer outra pessoa, de um cidadão normal".

Não é surpresa que, em razão de suas observações, ela não tem mais contato com o (então) presidente. "Eu não tinha o desejo de criar um vínculo com ele. Quando o livro foi feito, era evidente para mim que nunca poderíamos nos ver novamente. Nosso relacionamento não foi amigável, foi cordato... Sempre tive meu notebook, porque para um escritor, sendo visto como tendo uma relação confortável com o poder, é uma coisa ruim. Se amanhã ele não for presidente, ficarei feliz em jantar com ele".

Tenho certeza de que Sarkozy ficará aliviado ao ouvir isso.

Ainda assim, é de se imaginar que Reza, ela mesma filha de imigrantes, deve ter pontos de vista interessantes sobre a abordagem de Sarkozy para a integração cultural. Em abril do ano passado, o presidente proibiu o uso da burca em locais públicos e mais tarde declarou que acreditava que o multiculturalismo "falhou". De início, fiel à forma, Reza se recusou a comentar sobre isso, mas quando eu a pressionei, ela reconheceu que seus pais, apesar de estrangeiros, sempre a criaram com "a idéia absoluta de que devemos amar a França" e insistiu que fala um francês perfeito.

"Sinto tristeza real quando vejo filhos de imigrantes, jovens de subúrbios que nasceram na França, mas que não falam bem a língua. Eles estão escolhendo ficar à margem. Esta maneira de falar em subúrbios é meio árabe, meio francês e eu não entendo isso. É uma maneira de ficar marcado”.

"Não é sobre ter ou não sotaque - minha mãe ainda confunde os pronomes 'le' e 'la' e é encantadora -.mas sobre pessoas que nasceram na França, frequentam as escolas francesas. Meus pais sempre me disseram que a única maneira de se integrar era falar a língua perfeitamente. É uma delicadeza, uma forma de agradecer ao país que o recebe, se tornar um veículo para sua linguagem".

E talvez seja este respeito confesso da linguagem, essa alegria em suas nuances e capacidade de dissimulação, que dá Reza seu ouvido para o diálogo. O que a torna ainda mais interessante que o seu sucesso depende, em grande parte, por seus tradutores - dramaturgo Christopher Hampton, que ganhou um Oscar em 1989 por sua adaptação de “Ligações Perigosas”, traduziu a maioria das peças de Reza para o teatro britânico. Será que ela acha difícil confiar nele?

"Ah, mas eu não confio nele totalmente!", ela diz, brincando. "Não, eu o adoro, ele é um grande amigo, mas não confio cegamente. Lembro-me da primeira vez que nos conhecemos, ele tinha traduzido ‘Art’ para o inglês e liguei para ele e disse: 'Eu recebi o seu primeiro rascunho. Ele disse, 'O que você quer dizer, meu primeiro rascunho? É a peça. Ele é a tradução, não é um rascunho". Eu disse, 'Sim, é. Há trabalho a ser feito".

"Até aquele momento, Christopher só tinha traduzido pessoas mortas. Esta foi a primeira vez que ele tinha alguém vivo, ao telefone com ele. Nós reformulamos e retrabalhamos e eu sei que eu estava sendo chata, que ele estava dizendo para as pessoas ‘ela está me dando uma dor de cabeça e quase não fala inglês!’. Há uma pausa, então ela acrescenta: “agora, o meu inglês é muito melhor”.

Seus olhos brilham quando ela diz isso, mas estão muito sérios. Existe um núcleo de aço debaixo de seu exterior vivaz; uma determinação que desmente sua maneira fácil. Quando ela termina seu chá e me dá um pequeno e preciso sorriso, parece que Reza, assim como seus personagens, tem aspectos de si mesma que prefere permaneçam escondidos.

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