05 setembro 2006

Roteiro#19 - O Cachorro é meu!

O CACHORRO É MEU

PERSONAGENS
BENEDITO – 35 anos – um homem que vive com medo da mulher, Gláucia. Ela o traiu com seu melhor amigo, mas Benedito é tão frouxo que é incapaz de fazer nada a respeito, apenas resolve sair de casa e levar tudo o que lhe pertence. Trabalha com algo burocrático e tem o peito peludo.

GLÁUCIA – 35 anos – mulher extremamente autoritária, que faz o marido de gato e sapato. Mesmo o traindo, ela atira sobre ele a culpa pelo adultério e ainda faz com que o homem saia de casa. É uma boa-vida.
PLEBE - 7 anos – cachorro vira-lata, grande e lerdo, preguiçoso, como um São Bernardo.



CENÁRIO
Apartamento de Benedito e Gláucia
1- Sala do Apartamento: Ambiente amplo, vastamente decorado com móveis clássicos. No entanto, a cor das paredes é viva e os objetos (bibelôs, porta-retratos) também são coloridos, deixando a sala sem nenhuma sofisticação.
2- Quarto do casal: Assim como a sala, o quarto é bem colorido, com uma parede de cada cor (sugestões: verde e roxo). A cama de casal tem lençóis vermelhos. Há um armário grande, duas poltronas, uma penteadeira e uma mesa encostada na parede.


Objetos cênicos:
Maleta de Benedito;
Duas malas de Benedito;
Retrato de casamento dos dois na parede ao lado da porta de saída;
Cigarro de Gláucia;
Chave de Casa

CENA 1. Sala do Apartamento. INT. DIA
Benedito entra irritado na sala (de dentro do apartamento, em direção à porta de saída), carregando desajeitadamente suas duas malas e sua maleta. Ele veste um terno sem qualquer caimento. O nó de sua gravata está mal-feito, seu cabelo está desarrumado. Logo atrás dele, entra Gláucia, despreocupada, vestindo uma camisola de ficar em casa, fumando um cigarro.


BENEDITO
Muito bem, Gláucia, eu acho o fim da picada o nosso casamento terminar dessa forma ridícula, com você me traindo com o Geleinha... e olha que aquele canalha nem tem o peito peludo... e você dizia que amava o meu peito peludo.

GLÁUCIA
Ah, Benedito. Não me irrita, vai? Esse nosso casamento já tava uma palhaçada, mesmo.(traga) Eu se fosse você, tinha um pouco de dignidade e saía por essa porta sem me reclamar de nada, que eu fui uma guerreira agüentando esse teu ronco durante todos esses oito anos.

BENEDITO
Dez anos, Gláucia. Dez anos... Nem te lembra mais dos anos de casada. Muito me admira não ter me traído antes.

GLÁUCIA
Ta, não me irrita. Sai logo. Já colocou o dinheiro do gás em cima da geladeira?

BENEDITO
Já... mas só coloquei porque a conta ta no meu nome... E eu não quero que meu nome fique mais sujo na praça... Porque até onde eu sei, até a torcida do Bragantino ta sabendo que tu me colocou um par de chifres.

GLÁUCIA
Tá, até na hora de ir embora você se lamenta. Vai logo!

BENEDITO
Eu vou, mesmo. Adúltera. Madalena sem coração. (grita) Plebe, o Plebe, vem com o papai... (o cão entra de dentro do apartamento e fica ao seu lado)

GLÁUCIA
Mas o que que isso, Benedito? Você não está pensando em levar o Plebe, não, né?

BENEDITO
Mas é claro...o cachorro é meu, foi minha mãe que me deu.

GLÁUCIA
Mas era só o que me faltava (se aproxima de Plebe e o apanha)! O cachorro é meu, você nunca deu bola pra ele. Ele não vai de jeito nenhum.

BENEDITO
Você quer largar, por favor, que do Plebe eu não abro mão.

GLÁUCIA
Pelo amor de Deus, Benedito, não vai passar por mais esse constrangimento. Você quer largar o meu cachorro, por favor.


Os dois iniciam uma disputa pelo cachorro, segurando, cada um de um lado. O tom da cena é cômico, com a mulher tentando fechar o robe que envolve sua camisola e apoiando o cigarro, enquanto ele tenta segurar o cachorro com a maleta na mão. O cachorro sai correndo para dentro do apartamento. Os dois ficam resmungando a posse do cachorro.
Na saída do casal para dentro do quarto, CORTA PARA:

CENA 2. Quarto do Casal. INT. DIA
Plebe entra correndo e se enfia embaixo dos lençóis. Eles entram e começam a procurar o cachorro sobre a cama.

GLÁUCIA
Larga, Benedito, você quer fazer o favor de largar o meu cachorro.

BENEDITO
Nem a pau, que o Plebe é meu (os dois estão completamente sob os lençóis)... Que é isso, Gláucia? Tira a mão do meu peito...(começa a ceder à sedução de Gláucia, fazendo voz manhosa) Gláucia...

GLÁUCIA
Ai, é que esse peito...peludo... me dá uma coisa... Ai, Benedito...

BENEDITO
Sua Madalena arrependida, cuidado pra não me queimar com o cigarro.

GLÁUCIA
(atira o robe para fora da cama)
Ai, Benedito.

Plebe pula para fora da cama e pára ao lado do guarda-roupas enquanto o casal troca carícias sobre a cama (Vale lembrar que o tom da cena é cômico, não permitindo que essa parte seja vulgar. A carícia dos dois deve provocar o riso).

Com Plebe olhando a cena, com a língua para fora, CORTA PARA:


*** FIM ***

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