ALÍVIO IMEDIATO
PERSONAGENS
ALEX – marido, analista de sistemas, folgado
SUELI – mulher, enfermeira, vingativa
CENÁRIO
Uma sala de estar/jantar e cozinha de um apartamento de um casal de classe média. A cozinha é estilo americano, com uma “janela” para a sala de estar/jantar.
Objetos cênicos:
Na estante, livros de computação e de medicina, salpicados de literatura policial e de livros de Paulo Coelho. Na parede, reproduções de quadros famosos – principalmente Van Gogh. A mesa está posta para um jantar à luz de velas.
CENA 1. APARTAMENTO SUELI E ALEX /INT. NOITE
SUELI está fazendo o jantar na cozinha. ALEX chega da rua, olha para a mesa posta com as velas. SUELI fala tudo com muita calma, enquanto cozinha e arruma a mesa.
ALEX
(EM TOM CASUAL “FORÇADO”)
Oi, amor… Ô dia de cão! Imagina que até agora fiquei tirando vírus de computador? O povo da empresa abre qualquer e-mail, depois eu que me vire! Tudo bem no hospital?
(SUELI FAZ “HUM-HUM” E ALEX A BEIJA)
Hum… bobó de camarão… mesa posta pra jantar à luz de velas… Caipirinha de aperitivo…
(BEBE A CAIPIRINHA)
Aposto que você colocou mel de laranjeira na caipirinha! O que é que a gente tá comemorando?
SUELI
Não dá pra imaginar?
ALEX
Hum… Aniversário de noivado não é… Primeiro beijo também não … Primeira vez que a gente tomou banho junto?
SUELI
Num dia comum eu ficaria com muita raiva das suas brincadeirinhas.
ALEX
E hoje… não vai ficar?
SUELI
Não. Sabe por quê? Porque hoje o nosso casamento vai acabar.
ALEX
Ra, rá, rá… Você me mata de rir.
SUELI
É, eu sou uma palhaça, mesmo. Há 7 anos que eu sou uma palhaça. Mas hoje o circo vai pegar fogo.
ALEX
Só porque eu demorei no trabalho, Sueli? Faça-me o favor...
SUELI
Você não demorou no trabalho. Há 3 horas atrás você entrou no Motel Cê Ki Sabe com a Keila. Vocês consumiram duas garrafinhas de uísque, quatro energéticos, duas pomadas aromatizadas sabor canela, e cinco pacotes de castanha de caju. É uma pena que você não está com fome pra comer o bobó. Tá uma delícia.
ALEX
Pois se enganou. Eu estou morto de fome, e vou comer o bobó sim.
(SENTA NA MESA E TOMA UM GOLE DA CAIPIRINHA)
De onde você tirou isso tudo?
SUELI
O funcionário do motel me disse.
ALEX
Inventa outra! Funcionário de motel vende a mãe mas não abre o bico.
SUELI
Pagando bem, qualquer um abre o bico.
ALEX
E você usou que dinheiro? O do apartamento?
SUELI
Não, paguei com o corpo mesmo. Funcionário de motel é igual cachorro de açougue. Vigia sem comer. Quando vê filé, faz a festa.
ALEX
(SERVE O BOBÓ NO PRATO, MEXE COM A COLHER)
VOCÊ FICOU LOUCA, SUELI?! Pois quer saber de uma coisa? Agora quem quer o divórcio sou eu!
SUELI
Eu não falei em divórcio. Eu disse que o nosso casamento ia acabar. Pra ele acabar, basta que um de nós não esteja mais vivo.
ALEX
(PÁRA O GARFO NO AR)
E assim você levava o dinheiro todo do apartamento… Muito esperta.
SUELI
Eu ralei muito pra conseguir esse dinheiro, Alex. E faria qualquer coisa pra ficar com tudo.
(SERVE O BOBÓ E COME UMA GARFADA)
ALEX
(AO VER QUE ELA COMEU, COME TAMBÉM E TOMA UM GOLE DA CAIPIRINHA. COMEÇA A TOSSIR)
Sei. Mas antes ficar com metade que ficar com nada. Vou sentir falta do seu bobó. E da caipirinha também.
SUELI
Não foi mel de laranjeira que eu coloquei na caipirinha.
ALEX
Foi o quê, então?
SUELI
Arsênico.
ALEX começa a estrebuchar, cai no chão e morre.
SUELI
Alívio imediato. Sem vestígios… e sem contra-indicações.
SUELI continua comendo o bobó, tranquilamente.
*** FIM ***
PERSONAGENS
ALEX – marido, analista de sistemas, folgado
SUELI – mulher, enfermeira, vingativa
CENÁRIO
Uma sala de estar/jantar e cozinha de um apartamento de um casal de classe média. A cozinha é estilo americano, com uma “janela” para a sala de estar/jantar.
Objetos cênicos:
Na estante, livros de computação e de medicina, salpicados de literatura policial e de livros de Paulo Coelho. Na parede, reproduções de quadros famosos – principalmente Van Gogh. A mesa está posta para um jantar à luz de velas.
CENA 1. APARTAMENTO SUELI E ALEX /INT. NOITE
SUELI está fazendo o jantar na cozinha. ALEX chega da rua, olha para a mesa posta com as velas. SUELI fala tudo com muita calma, enquanto cozinha e arruma a mesa.
ALEX
(EM TOM CASUAL “FORÇADO”)
Oi, amor… Ô dia de cão! Imagina que até agora fiquei tirando vírus de computador? O povo da empresa abre qualquer e-mail, depois eu que me vire! Tudo bem no hospital?
(SUELI FAZ “HUM-HUM” E ALEX A BEIJA)
Hum… bobó de camarão… mesa posta pra jantar à luz de velas… Caipirinha de aperitivo…
(BEBE A CAIPIRINHA)
Aposto que você colocou mel de laranjeira na caipirinha! O que é que a gente tá comemorando?
SUELI
Não dá pra imaginar?
ALEX
Hum… Aniversário de noivado não é… Primeiro beijo também não … Primeira vez que a gente tomou banho junto?
SUELI
Num dia comum eu ficaria com muita raiva das suas brincadeirinhas.
ALEX
E hoje… não vai ficar?
SUELI
Não. Sabe por quê? Porque hoje o nosso casamento vai acabar.
ALEX
Ra, rá, rá… Você me mata de rir.
SUELI
É, eu sou uma palhaça, mesmo. Há 7 anos que eu sou uma palhaça. Mas hoje o circo vai pegar fogo.
ALEX
Só porque eu demorei no trabalho, Sueli? Faça-me o favor...
SUELI
Você não demorou no trabalho. Há 3 horas atrás você entrou no Motel Cê Ki Sabe com a Keila. Vocês consumiram duas garrafinhas de uísque, quatro energéticos, duas pomadas aromatizadas sabor canela, e cinco pacotes de castanha de caju. É uma pena que você não está com fome pra comer o bobó. Tá uma delícia.
ALEX
Pois se enganou. Eu estou morto de fome, e vou comer o bobó sim.
(SENTA NA MESA E TOMA UM GOLE DA CAIPIRINHA)
De onde você tirou isso tudo?
SUELI
O funcionário do motel me disse.
ALEX
Inventa outra! Funcionário de motel vende a mãe mas não abre o bico.
SUELI
Pagando bem, qualquer um abre o bico.
ALEX
E você usou que dinheiro? O do apartamento?
SUELI
Não, paguei com o corpo mesmo. Funcionário de motel é igual cachorro de açougue. Vigia sem comer. Quando vê filé, faz a festa.
ALEX
(SERVE O BOBÓ NO PRATO, MEXE COM A COLHER)
VOCÊ FICOU LOUCA, SUELI?! Pois quer saber de uma coisa? Agora quem quer o divórcio sou eu!
SUELI
Eu não falei em divórcio. Eu disse que o nosso casamento ia acabar. Pra ele acabar, basta que um de nós não esteja mais vivo.
ALEX
(PÁRA O GARFO NO AR)
E assim você levava o dinheiro todo do apartamento… Muito esperta.
SUELI
Eu ralei muito pra conseguir esse dinheiro, Alex. E faria qualquer coisa pra ficar com tudo.
(SERVE O BOBÓ E COME UMA GARFADA)
ALEX
(AO VER QUE ELA COMEU, COME TAMBÉM E TOMA UM GOLE DA CAIPIRINHA. COMEÇA A TOSSIR)
Sei. Mas antes ficar com metade que ficar com nada. Vou sentir falta do seu bobó. E da caipirinha também.
SUELI
Não foi mel de laranjeira que eu coloquei na caipirinha.
ALEX
Foi o quê, então?
SUELI
Arsênico.
ALEX começa a estrebuchar, cai no chão e morre.
SUELI
Alívio imediato. Sem vestígios… e sem contra-indicações.
SUELI continua comendo o bobó, tranquilamente.
*** FIM ***
Um comentário:
Hilário! Ótima cena! Pareceu-me algo que assistiria em "Desperate Housewives". Texto excelente, personagens bem desenvolvidos, os diálogos ficaram de bom tom... Adorei!
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