27 agosto 2009

Cinco filmes representam quase 90% da renda de produções brasileiras

Os cinco filmes nacionais de maior público no Brasil consomem 20% da captação de recursos, mas representam de 80% a 90% da renda das produções brasileiras no cinema. A informação, levantada a partir de dados da Nielsen, foi passada por Antônio Almeida, diretor da Globo Filmes, durante painel da Fiicav, que acontece nos dias 26 e 27 de agosto em São Paulo.

Segundo dados da Nielsen apresentados por Melanie Schroot no período de janeiro até julho de 2009, de um público total de 11,8 milhões de espectadores de filmes nacionais, 10,4 foram espectadores do "top 5". Em 2003, ano de destaque para o cinema nacional, entre o público de 22,3 milhões, 15,3 milhões eram espectadores dos cinco filmes mais vistos.

Almeida alerta para os números de captação de recursos até julho deste ano: foram cerca de R$ 60 milhões, ou um terço do total captado em 2008. "É preciso lembrar que as empresas investidoras de cinema sofreram os efeitos da crise financeira mundial", diz.

A participação nacional na renda do cinema foi destaque durante o painel. De janeiro a julho de 2008, a renda em dólares do cinema, nacional e internacional foi de US$ 254,1 milhões, com US$ 18,2 milhões gerados pelo cinema nacional. No mesmo período, em 2009, o valor foi de US$ 302,1 milhões, sendo US$ 53,1 milhões provenientes do cinema nacional. Ou seja, o cinema brasileiro foi responsável pelo aumento de US$ 34,9 milhões na renda do cinema no País, um crescimento de 191%.

O share de cinema nacional também cresceu no período. Passou de 7,16% em 2008, para 17,58% em 2009.

O ano de 2008, aliás, não foi muito feliz para o cinema nacional. A título de comparação, em 2002 foram lançados 30 filmes, que fizeram média de público de 7,8 milhões. Em 2008 foram lançados mais que o dobro de filmes (65 títulos), que fizeram 8,1 milhões de espectadores. Neste sentido, 2009 está mais aquecido, com 31 filmes lançados até julho, que tiveram público médio de 11,8 milhões de espectadores.

Os palestrantes observaram, no entanto, que alguns fatores contribuíram para a boa performance do mercado de cinema em 2009, além do lançamento de blockbusters nacionais e internacionais. Marcelo Bertini, presidente da Cinemark, destacou os 38% de crescimento no primeiro semestre do lazer e entretenimento de shoppings, consequência da crise econômica, e lançou a pergunta: como sustentar o desempenho nos próximos meses?

Francisco Pinto, do Grupo Severiano Ribeiro, acredita que a sustentação do mercado de cinema depende também da produção de filmes nacionais que consigam fazer entre 100 mil e R$ 1 milhão de espectadores. "Precisamos também de mais filmes que tenham desempenho médio", observa ele.

Publicidade

Outra pesquisa da Nielsen apresentada durante o Fiicav apontou que os latino-americanos são os que mais acreditam na publicidade. De um modo geral, porém, a pesquisa mostrou que para o público global, o mais confiável ainda são as recomendações de pessoas conhecidas. De 2007 a 2009, o volume de respondentes que disseram que confiavam nas recomendações de amigos e parentes foi de 78% para 90%. Os anúncios de TV foram de 58% a 61% e os anúncios anteriores a filmes foram de 38% a 52%. "Neste caso, pode-se perceber também a importância dos trailers antes dos filmes, influenciando a escolha dos espectadores", diz Melanie. Tela Viva News.

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